quarta-feira, 3 de março de 2010

Buck em perigo

Hoje de manhã, como faço diariamente, peguei um táxi para ir ao trabalho. Sou um cara muito seletivo em relação aos táxis que pego. Moro numa região do Rio onde, no geral, a oferta de taxi supera em muito à procura; isso me permite determinar certos padrões mínimos de qualidade. Em Santana, por exemplo, não entro mais. Nem sob tempestade diluviana. Evito também taxis apócrifos. Aqueles sem nenhuma identificação de cooperativa. E carros pequenos também, por motivos óbvios. Tem um critério de seleção que me é muito caro, e que está cada vez mais difícil de aplicá-lo devido ao uso indiscriminado do insulfilm: a seleção do motorista. Tenho vários critérios de avaliação de motoristas de taxi, desde o tamanho de sua massa corporal (gosto de sentar no banco da frente, dois gordões juntos podem tornar o ambiente meio claustrofóbico) até sua preferência clubística, que às vezes fica expressa em bandeirinhas, bonequinhos e afins, pendurados no retrovisor ou afixados no painel do auto, ou em adesivos espalhados nos vidros e na carroceria. O fator específico que me motiva a escrever este post é a idade do motorista.

Legisladores adoram colocar limites mínimos de idade para tudo. Maioridade penal, 18 anos. Eleitor, 16 anos. Carteira de Motorista, 18 anos. Maioridade Civil, 21 anos. Presidência da República, 35 anos. Passe livre no ônibus, 60 anos. Aposentadoria por Idade, 70 anos (para homens). Sugiro fortemente que comecem a se preocupar com a idade máxima para se fazer certas coisas também.

O motorista que me trouxe para o trabalho hoje é uma ameaça à sociedade. Imaginem um híbrido do Mr. Magoo com Mr. Bean, com uns 73 anos de idade. Mesmo pilotando sua máquina à velocidade máxima de 30 km/h (detalhe, não pegamos nenhum engarrafamento) o adorável senhor quase bateu na subida do viaduto (ele esqueceu que não era para subir e deu um fechadão num outro carro, que teve que frear bruscamente); esteve próximo de atropelar uma pessoa que atravessava a rua porque estava conversando comigo olhando para minha cara no banco do carona; obrigou um entregador de bicicleta a se atirar no meio fio porque achou que o espaço que ele tinha para passar em fila dupla a outro automóvel não era suficiente (e era, e muito); e, por fim, mas só porque minha corrida era curta, ignorou completamente o sinal da Conde de Irajá com a Humaitá, que, felizmente, por muita bemventura do destino, estava com pouco movimento naquele momento. Cheguei no trabalho com mais taquicardia do que se eu tivesse ido correndo de minha casa até lá.

Como pode um homem desses estar legalmente autorizado pela sociedade a guiar profissionalmente um monstro de aço de mais de uma tonelada pelas ruas de uma cidade? E, pergunta que não saiu da minha cabeça durante o dia inteiro, como esse sujeito chegou àquela idade ainda vivo, e, pasmem, aparentemente inteiro?

Deixo estas conjecturas para as autoridades avaliarem.

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