quinta-feira, 19 de abril de 2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bodas de Algodão

Flores pra você, meu amor!!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Engenhão, que roubada.



Graças ao imbroglio entre Fox Sports Brasil e as principais operadoras de tevê por assinatura do país, fui obrigado a voltar, ontem, sei lá quantos anos depois, a um estádio de futebol para ver um jogo de futebol. Foi minha estréia no Engenhão. E minha despedida também, espero.

A imagem acima é a parte de cima do meu ingresso do jogo de ontem. Ele está comigo. Não foi recolhido na entrada. Asseguro-lhes que paguei por este ingresso. Não sei quantos conseguiram entrar sem pagar nada.

Sou do tempo que ia-se ao Maracanã e quando a Suderj informava nos alto-falantes - sim, estou falando da era pré placar eletrônico - um público menor do que 100 mil pagantes a galera vaiava peremptoriamente, às vezes porque achava que os clubes estavam sendo tungados, pois via-se claramente que o estádio estava tomado, outras vezes pela real decepção da pequenez da audiência.

Ontem havia pouco mais de trinta mil pessoas no estádio. 1/3, pois, do público mínimo exigido nas priscas eras supracitadas. Maraca com trinta mil pessoas, naqueles tempos, ficava tão tranquilo, que mesmo que todas as trinta mil pessoas resolvessem ir ao estádio em cadeiras de rodas não teriam problemas para entrar. Trinta mil pessoas era para jogo entre minúsculos, um América e Bangu.

Pois ontem, com este público que hoje achamos que é casa cheia, casa cheia oi, o que vi e passei para entrar no estádio foi um completo absurdo. Acontecera comigo antes: em 72 ou 73, não me recordo ao certo. Não consegui entrar no Maraca. Tive que voltar pra casa, frustradíssimo, acompanhado de meu avô, enquanto meu pai e meu tio resolveram encarar a massa. Era jogo importante, não iam perder só porque o moleque era franzino demais pra tentar entrar. Naquele jogo, chutaria fácil umas 130 mil cabeças no ex-Maior do Mundo.

Hoje, com adicionais 40 anos e 70 quilos, não me intimidei com a turba. Encarei o esmigalhamento com vontade, deixando vítimas menos favorecidas pela largura no caminho. Quando me deparei com as roletas, qual não foi minha surpresa quando vi que a situação era de total caos: ninguém estava conseguindo passar seu ingresso. Pessoas pulavam atabalhoadamente as roletas, de forma descontrolada, para o desespero atônito de dois funcionários e um PM que tentavam impedir, inteiramente sem sucesso, a invasão da turba.

Como minha compleição física está muito mais para levantamento de peso do que para salto em altura, incorporei o Obelix e simplesmente levantei e arrastei uma grade que deveria separar a lateral das roletas do interior do estádio. E assim entrei, pela primeira, e espero que última vez em minha vida, no Engenhão, pelo menos para ver um jogo de futebol.

Vale aqui um comentário, muito bem elaborado pelo colega de twitter que me acompanhou nesta aventura. O gênio da raça que resolveu proibir a venda de bebidas alcoólicas nos jogos de futebol achou que assim evitaria brigas dentro do estádio. Realmente, não presenciei dentro do Engenhão sequer um resquício de rusga, a não ser a torcida esbravejando e querendo matar o Joel e o Negueba. Acontece que, como não tem cerveja lá dentro, todo mundo fica enchendo o pote lá fora, nos inúmeros "estabelecimentos comerciais" precariamente instalados nas varandas e alpendres das casas de família no entorno do Engenhão, e resolvem entrar, todos ao mesmo tempo, faltando quinze minutos para começar o jogo. Não tem como não dar merda. Falaram-me ontem: "Na Inglaterra é assim, pessoas entram dez minutos antes nos estádios e não dá essa confusão". Sim, obviamente. Lá, eles são ingleses. Aqui, somos brasileiros, cariocas, e, muito em especial, rubro-negros. Não somos exatamente reconhecidos internacionalmente por nossos modos, classe e polidez.

Resultado desta balbúrdia inaceitável: eu e e mais um conseguimos sentar na arquibancada com "apenas" quatro minutos de jogo começado. Outro, que estava colado conosco na hora de entrar, uns dez minutos depois. Outros dois, que chegaram ao Engenhão em cima do laço, só conseguiram entrar aos 40 do primeiro tempo, e foram encaminhados para a arquibancada Leste Inferior, pois foram informados que a Superior, para onde eram seus ingressos, já estava lotada.

E o jogo? O que falar de um jogo onde o treinador, se é que Joel ainda merece essa alcunha, escala o time com três zagueiros e dois volantes, em casa, para enfrentar o diminuto time da Eletrobrás equatoriana, que consegue inventar o Negueba de lateral-direito e o Bottinelli de volante recuado, e onde o maior destaque foi o Wellington, que conseguiu, no mesmo lance, expulsar um jogador adversário e se machucar para não mais retornar, dando continuidade assim ao trabalho do treinador do Além que vem tentando ajudar Joel a enxergar como escalar corretamente o time tirando de combate um cabeçudo atrás do outro. Tenho pra mim que é o Claudio Coutinho que conseguiu permissão do Divino para intervir no Fla e ajudar o filhote, agora Diretor de Futebol. Mas não adianta que Joel não enxerga nem escuta o óbvio, e não creio que seja problema oftalmo ou otorrino. É senilidade mesmo, caso mais de aposentadoria e internação do que de tratamento médico ou demissão sumária.

Domingo tem Fla-Flu, televisionado, felizmente. Pelo menos assistirei a esta anunciada tragédia no sacrossanto conforto do meu lar.