Se metendo aonde não é chamado

Deram um golpe em Honduras. Isso, por princípio, nunca é bom. Ainda mais considerando que foi um golpe militar. Isso traz péssimas recordações em muita gente aqui na América Latina. Só que este golpe tem algumas pequenas diferenças em relação aos anteriores: ele tem o apoio da maioria da população hondurenha, e da quase totalidade das instituições de lá (Congresso, Forças Armadas, Judiciário, e até a Igreja); e, muito importante, nasceu com data certa para acabar, e próxima, no dia 29/11/2009, quando serão realizadas novas eleições. Honduras vivia um período de relativa calmaria, em compasso de espera deste pleito. Zelaya ainda tentava tumultuar o processo, mas já estava quase sendo considerado carta fora do baralho.

E o que nosso brilhante presidente fez, em conluio com seu iguamente brilhante lacaio Celso Amorim, uma das maiores antas que já frequentou o Itamaraty, e macomunado com o bandido venezuelano Hugo Chávez? Arquitetaram maquiavelicamente o retorno de Zelaya à Honduras, e jogaram um país inteiro no caos. Vejam o que aconteceu hoje em Tegucigalpa:

Filas, corrida aos mercados, desabastecimentos, saques, e a morte de uma pessoa num dos protestos arquitetados pelos (poucos) partidários do Zelaya. Olhem o tamanho da irresponsabilidade do molusco. Lula rompeu uma longa tradição de não-interferência da antes competentíssima diplomacia brasileira. Rasgou meia dúzia de tratados e artigos constitucionais em nome de ideais altamente questionáveis e um indisfarçável delírio de grandeza. Invadiu a vida de um país sem que nenhuma ajuda houvesse lhe sido pedida, pelo menos vindo do povo hondurenho. Afrontou um país pequeno, pobre, frágil, que não tem capacidade de reagir. Covardia da braba, além de uma incoerência monumental. Fez o que seu partido sempre criticou: teve um ataque de imperialismo. Nas numerosas vezes em que Estados Unidos fez coisa parecida, garanto que Lula e seus camaradas estrilaram, e babaram bovinamente seu ódio pelos imperialistas ianques.

Lula está descontrolado em sua arrogância e em sua megalomania. E está sendo alimentado e incentivado pelo seu eleitorado tacanho e ignorante, por aliados perigosos, e por boa parte da deslumbrada mídia nacional e mundial. Estão todos criando um monstro.