
Outra questão que se faz mister comentar é a superioridade hegemônica do Mengão sobre seus adversários locais neste milênio. Faz-se toda uma mistificação dos clássicos regionais, que não existem favoritos, que qualquer resultado é normal. Mas na realidade o que invariavelmente acontece é o permanente esculacho rubro-negro sobre a mulambada arcoirisenta. As poucas vezes em que não ganhamos desta plebe acontecem simplesmente quando não precisamos muito da vitória. O Foguinho, por exemplo, não ganha do Mais Querido há uns duzentos e setenta e três jogos mais ou menos. E ontem, mesmo escandalosamente auxiliado pela arbitragem, mais uma vez teve que se curvar diante da maior força motriz do futebol carioca.
Do jogo em si, podemos dizer que o Fla jogou na conta do chá. Poderia ter demolido os chorafoguenses logo no primeiro tempo, mas, em sua infinita benevolência, deixou barato, muito pela incapacidade do Fierro em finalizar corretamente a jogada mais bonita realizada neste Brasileiro até agora. Bastou Adriano, nossa Divisão Panzer, atropelar impiedosamente três minúsculos zagueirinhos num único lance para a bola terminar no gol que determinou o resultado do jogo. No segundo tempo o Botafogo se esfalfou inutilmente tentando um injusto empate. Teve maior posse de bola, mas foi só isso. Penalizado com a crônica incompetência alvinegra em fazer gols, o salafrário do juizinho inventou um pênalti que só ele viu. Mas Lúcio Flávio, que de matador só tem o nome, mais uma vez esbarrou na parede Bruno, o carrasco-mor da cachorrada. Já são seis os pênaltis que o cara pega em cima destes infelizes deprimidos. O melhor do Fla em campo foi o garoto Fabrício, que viveu seu dia de Mozer. Não perdeu uma dividida, não errou um passe, não fez nenhuma falta desnecessária, e ainda se deu ao luxo de aplicar uma caneta desmoralizante num destes coitados desprovidos de cor na camisa que só não resultou em gol por um destes inexplicáveis caprichos do destino. Pena que os direitos federativos deste menino já estão todos retalhados entre Fla, empresários , credores e sabe-se lá mais quem. Daqui a pouco ele se esvai sem deixar vestígios nem nenhum caraminguá nos cofres da Gávea.
Esta rodada em que todo mundo que está lá em cima venceu (menos o generoso Parmera, que parece que virou o fio de vez) foi santa para o campeonato, que se configura no mais espetacular dos últimos anos. O Fla já emplacou sua maior série invicta na era dos pontos corridos, com dez jogos sem saber o que é perder. Ficou a três pontos do líder e a apenas um do tão almejado G4. Pega na quarta o Barueri sem seu maior craque, Pet, suspenso, mas se quer ser campeão, vai ter que ganhar lá mesmo, seja lá quem venha a substituir o gringo mais amado do Brasil.O Hexa nunca esteve tão perto. Os adversários já estão se borrando todos de medo pânico com a presença do Mengão fungando no cangote. Só acho que esta história de “deixou chegar, fudeu” é meio perigosa. O Fla está lá porque está jogando mais que os outros, e porque tem time pra isso. Se deixar-se convencer que vai ganhar porque é ungido pelos deuses do futebol, vai cair do cavalo. Tratem de continuar correndo, babando na gravata, partindo pra cima dos adversários e os derrubando de forma contundente e ameaçadora, que a recompensa virá ao final. Não vejo o que possa tirar esta taça da gente se o time continuar jogando o que vem jogando. Como diria um chefe que tive, agora é foco, garra, brilho nos olhos e gosto de sangue na boca. Pra cima deles, Mengão.
Concordo com tudo menos o Bruno. Acho que ele é um goleirinho tipo Pompéia, goleiro do América nos anos 60, cujo certamente você não viu jogar.
ResponderExcluirAbs,
Tiago.