domingo, 22 de março de 2009

Derrota anunciada

Juntem os seguintes fatores:

a) Um clube em estado falimentar, sem crédito na praça, que perdeu seu maior patrocinador, e agora com despesas que superam em muito suas receitas;
b) Uma diretoria corrupta, ineficiente e mais preocupada em perpetuar-se no poder, e uma oposição igualmente corrupta, ineficiente e sedenta de poder, que se digladiam numa violenta disputa fratricida em função das eleições que se avizinham, deixando o clube à míngua, totalmente exposto à inúmeros escândalos que deveriam ser resolvidos internamente, e, obviamente, muito fragililizado diante de seus oponentes;
c) Um time cuja metade dos jogadores já está desmotivada em jogar pelo clube, e cuja outra metade não tem condições técnicas mínimas de jogar pelo clube; ambas as metades estão com salários atrasados e sem perspectiva alguma de recebê-los em um futuro próximo;
d) Uma comissão técnica fraca, sem pulso, sem histórico vencedor, com uma filosofia de jogo pouco ambiciosa, que erra sucessivamente nas escalações e nas substituições durante os jogos;
e) Uma imprensa esportiva que simplesmente adora ver sangue, em especial jorrando dos grandes clubes de massa, e que transformam qualquer copo d'água em uma tempestade de proporções bíblicas, transformando o ambiente do clube em uma sucursal do inferno, um eterno caldeirão em chamas;
f) Uma torcida gigantesca em tamanho e em ingenuidade, que insiste em acompanhar e apoiar o clube independente do que aconteça, mas que não consegue se mobilizar para expulsar os maus dirigentes ou para salvar o clube da falência. Sempre que é chamada a ajudar, somente o faz lotando estádios. Não compram camisas oficiais, não se associam ao clube, não criam campanhas de arrecadação de fundos. São loucamente apaixonados, mas vivem a esperar que a solução caia dos céus, que surja um salvador, provavelmente chamado Zico, que venha com seu toque de Midas e redima o clube de todos os seus pecados.

Eis aí a receita infalível para o fracasso.

Pela primeira vez em anos ficaremos fora das finais; e olhem que este campeonato carioca é o de mais baixo nível técnico desde o Caixão 2002. Perder para o Vasco, vejam a que ponto chegamos, era totalmente esperado. Assim como o será quando enfrentarmos o Fluminense. Este campeonato já foi para as cucuias. E torço, fervorosamente, para que o Flamengo não tenha vida longa na Copa do Brasil. Não, não estou maluco. Nesta confusão reinante, não há como este time conseguir paz, muito menos futebol, para ganhar nenhum título. Entrar no Campeonato Brasileiro com esta vã esperança pode significar um grande passo em direção do abismo, leia-se segunda divisão.

Fosse eu diretor de futebol do Fla, tomaria imediatamente as seguintes providências, para poder chegar no Brasileiro com alguma chance de não fazer vergonha:

- Adeus, Cuca e seus cuquinhas. Obrigado por nada. A próxima comissão técnica deverá ter muita identificação com o Fla, conhecê-lo, e de preferência, amá-lo profundamente, pois terá que exercer seu trabalho em condições pra lá de insuficientes e sob uma pressão absurda;
- Ibson, Jônatas e Josiel, voltem aos clubes que detêm seus direitos esportivos. Juan, Leo Moura, Obina e Bruno, arrumem uma proposta que coloque alguns caraminguás dentro do clube, e sejam felizes. Tragam de volta todo e qualquer cabeça-de-bagre formado no clube que esteja emprestado em algum lugar. Montem um time de garotos, pontuado por alguns veteranos sérios, tipo Angelim e Kleberson. A folha salarial deverá ficar em no máximo um terço da atual;
- Seguraria alguns atletas promissores que nunca foram bem aproveitados, tipo Fierro e Maxi, e sugeriria fortemente ao próximo técnico que os escalasse. Daria uma última chance às eternas promessas Paulo Sérgio e Erick Flores. Se não mostrarem a que veio, a porta da rua é a serventia da casa;
- Apesar de ateu, faria uma promessa a São Judas Tadeu, padroeiro do Fla e das causas impossíveis. Do jeito que a coisa está feia, nós, rubro-negros, não podemos nos dar ao luxo de não acreditar em milagres. Qualquer ajuda nesta hora é bem-vinda, até de coisas que não existem.

Um comentário:

  1. Contra a natureza humana nem santo dá jeito ... é a porra da vaidade que astravanca o sucesso e o pogressio ... Vaidade de ser presidente de um clube como o Fçamengo e comparável a ser diretor de uma estatal de peso ... mexe com a cabeça das pessoas e com a ganancia desmedida ... tai o resultado como vc muito bem falou e descreveu. Temos o exemplo do Senado e de outras fossas de Brasilia ... vai pelo mesmo caminho Abç AG

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