segunda-feira, 30 de março de 2009

Reação desproporcional?

Semana passada a dona da Daslu foi condenada a 98 anos de reclusão. Foi presa, passou três dias no xilindró, para ser solta em seguida beneficiada por um corretíssimo habeas corpus, pelo menos segundo 98% dos juristas ouvidos. Não pretendia comentar sobre o fato. Era só mais um riquinho pego com a boca na botija que se livrava da punição por ter melhores advogados que os do Poder Público. Até que no sábado me deparei com a matéria de capa da Isto É – que quero deixar claro não li, odeio esta revistinha pelega e chulé que trabalha a serviço do governo molusco. “Exagero ou Justiça?” pergunta a revista, tenho que concordar que de maneira absolutamente pertinente. Os dois, respondo eu. Noventa e oito anos de pena para sonegação fiscal me parece, realmente, uma desproporção totalmente descabida. Mas vejam só esta nota(sem trocadilho) divulgada pelo portal Terra:

Daslu: nota fiscal de bolsa de R$ 8,9 mil mostraria R$ 21
A sentença judicial que levou à prisão da empresária Eliana Tranchesi, dona da loja Daslu, na última quinta-feira, mostrava falsificação de notas fiscais. De acordo com o Fantástico, uma bolsa que no exterior é vendida por US$ 3,9 mil (R$ 8,9 mil) era declarada pela empresa como valendo US$ 9,50 (R$ 21).

Isto também é uma desproporção totalmente descabida, não acham? Declarar um produto por ridículos 0,24% do valor real é de uma safadeza e cara de pau que não me lembro ter visto em mais de vinte anos trabalhando no comércio. E olha que eu já vi de um tudo neste varejão da vida.

Esta pena, seja lá de 20, 98 ou 150 anos, tem que ser exemplar. Há que se ter limites para tudo, e esta senhora, a meu ver, os ultrapassou “um pouquinho”. Lojas de varejo sonegam? Claro que sim. É fato corriqueiro, principalmente em mercados competitivos, onde às vezes R$ 1,00 faz a diferença entre vender e perder clientes para a concorrência. Em alguns ramos, especialmente os mais "informais", sonegar é a diferença entre sobreviver e virar estatística. Agora, venhamos e convenhamos, sonegar nestas proporções, numa operação onde só se trabalha com itens voltados para os muito muito ricos, classe AAAA+, e cuja margem de lucro é certamente obscena, isso já não é mais sonegação: é roubo, puro e simples. Esta senhora é uma Robin Hood às avessas, que rouba da população, a quem supostamente são destinados a maior parte dos impostos, para beneficiar milionários, em especial ela e seus agregados, evidentemente. Cadeia nela, seu juiz. Nem que seja por uns cinco aninhos. Da próxima vez ela sonega de maneira menos gulosa. Garanto.

Um comentário:

  1. Saiu da cana com um laudo de CA ... E ainda tem gente que acredita nessa ... Isso tem até tabela, com exame de imagem e tudo mais ... se bobear dá até autografo ... !!!

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