sexta-feira, 27 de março de 2009

Drogas pra que te quero

A mais recente guerra de traficantes deflagrada no coração da Zona Sul do Rio de Janeiro mobilizou os noticiários desta semana. Foi tiro pra tudo quanto é lado, no morro, no asfalto e na mídia. Enquanto traficantes atacavam traficantes, policiais atacavam traficantes, e vice-versa, nos jornais e televisões, jornalistas, sociólogos, políticos, agentes de segurança pública, também se digladiavam, num sem fim de opiniões a meu ver inócuas e sem qualquer noção de realidade. Muitos se insurgiram contra a repressão policial. Outros pediam a liberação das drogas. Todos iludidos. Enquanto for ilegal, a polícia vai continuar sentando a azeitona. É para isso que ela é paga. Quanto a liberação, sou totalmente a favor, acho que resolveria o problema, mas nunca vai acontecer. Nosso país é por demais retrógrado e carola para tamanha ousadia.

Minha sugestão para encarar a questão baseia-se mais na vida real. Vamos aplicar as leis de mercado. O Beltrame, secretário de segurança aqui do Rio, declarou, com muita felicidade, que sempre existirá o tráfico enquanto existir viciados. Isso é popularmente conhecido no economês como Lei da Oferta e da Procura. Vale para qualquer coisa que se compra e venda. Se isto é real e imutável, porque não usá-la, não no combate ao tráfico, mas sim no combate a violência, que no fim das contas é o que incomoda e assusta? Não tenho nehum problema com quem vende maconha, cocaína ou qualquer tipo de substância ilegal. Acho até que estes caras cumprem de alguma maneira uma importante função social. O meu problema, e acredito que o de todo mundo, é que estes caras vivem a matar-se uns aos outros, e a alheios, por disputas de territórios, batidas policiais, e toda a sorte de intempéries que assolam os que vivem à margem da lei. Nos românticos anos 60 e 70, os grandes barões do crime no Rio eram os bicheiros. E eles davam uma aula de boa convivência, na medida do possível, entre eles, a população, a polícia e o poder público. O bicho era, como até hoje é, contravenção, e totalmente tolerado. As áreas de atuação se dividiam entre os chefões, bem ao estilo máfia. Óbvio que de tempos em tempos estourava uma guerra, inevitável quando se trata de bandidos gananciosos. Mas durava pouco, as baixas quase sempre se resumiam aos próprios bandidos, dificilmente sobrava para a população civil. A polícia recebia o dela religiosamente para ficar quieta e não se meter aonde não era chamada. Resultado: banqueiros de bicho eram celebridades, respeitados na sociedade, patronos de escolas de samba, donos de times de futebol. E todo mundo vivia feliz para sempre, até que vieram os traficantes de baixo nível. Uma gente ignorante, que não sabe se organizar, odeiam-se entre si, desprezam seus clientes, não são especialistas - se a droga está em baixa, eles assaltam, sequestram, fazem qualquer atrocidade por grana - ou seja, são uma desgraça, uma confusão, do ponto de vista criminoso-empresarial.

Falta a esta galera um verdadeiro executivo do crime. Se não estivesse bem empregado, até me ofereceria para o cargo, apesar de me faltar coragem para uma empreitada tão arriscada. Mas, com as devidas garantias institucionais, acho que eu seria capaz de pôr ordem neste caos. Cada um ganharia o seu, morreria muito menos gente, a marofa da chincheirada estaria garantida, e estava arriscado até a cair de preço, devido a maior tranquilidade estabelecida no processo.

Sérgio Cabral, se a proposta interessou, é só postar o telefone no blog que eu entro em contato.

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