terça-feira, 19 de maio de 2009

Por uma boa causa

Cometi um crime ontem. Logo eu, que fiquei pagando de honesto aqui mesmo neste blog, posts atrás, por conta das carteirinhas de "estudante". Não, não sucumbi a ponto de fazer uma carteira falsa. Continuo achando isso errado e injusto. Mas fiz uma coisa que não é legal, mas que estes estudantes safados que pagam cinema barato devem estar cansados de fazer. E o fiz pela primeira vez.

Fiz o download de um filme. Bem, tecnicamente, não downloadei o filme, só copiei um já downloadado para meu note. Mas isso não me absolve. Desculpem-me, não pude resistir. Só espero que nenhuma autoridade legal tenha acesso a este meu post.

Venho por meio de orientação do meu advogado declarar que todo conteúdo deste blog é fictício e não pode ser utilizado como prova em qualquer processo contra a minha pessoa.

Bem, feito este aviso, continuo.

De vez em quando, muito de vez em quando, a gente vê um filme que marca a gente. Não só os que a gente vai lembrar lá na frente por algum motivo. Isso é mole, eu me lembro de uns troços que, juro, pagaria para ter esquecido. Eu falo daqueles que viram referência. Pointbreaks.

Meu primeiro grande filme foi Robin Hood. O desenho, aquele da Disney. Eu tinha uns quatro, cinco anos. Me apaixonei pela raposinha Lady Marian. Sempre fui precoce.

Depois veio Quando as Metralhadoras Cospem. Apaixonei-me de novo. As mulheres, sempre um tormento na minha vida. Sonhei com Tallulah, a dançarina, por meses, e isso na minha fase pré-masturbação. Para quem não é desta época, esclareço: Tallulah, stripper namorada do gangster Bugsy Malone, era interpretada por uma Jodie Foster ainda virgem (eu acho) em seus parcos, sei lá, treze anos. Amei-a secretamente até conhecer Andréa Siqueira na sétima série. Que, assim como a Jodie Foster, nunca peguei.

Fiquei histérico e descontrolado com vários filmes em fins de 70 e na década de 80. Vocês hão de me perdoar por essa viadagem, certamente. Vivi neste período Star Wars, Indiana Jones, Blade Runner, todos do John Hughes, os musicais Saturday Night Fever, Grease, Fame, Flashdance. Uma Linda Mulher, meu sonho dourado de vida, ser o biliardário que... bem, vocês sabem exatamente a história. Mas, neste período, uma só lenda, o maior filme de todos os tempos, que na verdade são três: O Poderoso Chefão, a maior lição de vida macha já escrita, composta, pintada, esculpida, ou filmada.

E veio os 90. E dois irmãos, hoje um irmão e uma irmã - pra quem não sabe um deles transsexuou-se - fizeram Matrix. O segundo melhor um filme em três da história.

No século 21, nenhum filme tinha ainda me sacudido desta forma. Não posso afirmar que vai marcar para sempre: mas minha primeira impressão foi grande. Grand Torino, produzido, dirigido e atuado magistralmente por Clint Eastwood é o melhor filme que vi em anos. Aviso às meninas: é filme para cuecas. E é filme em que cuecas se emocionam. Clint atua como se fosse seu réquiem. O cara é um monstro. Não quero ficar velho. Não gosto de velhos. Nem velhos gostam de velhos. Tirando o Clint. Clint é o melhor cara velho de todos os tempos. Ele é muito foda. No filme, ele é um escroto amargo e racista. E a gente se apaixona por ele no primeiro minuto do filme. Não da maneira que me apaixonei pela Marian, pela Tallulah, ou pela Andréa, quero deixar bem claro. Mas daquele tipo que, se eu fosse assim, queria viver muito. Não pelo personagem, que é um miserável infeliz, cheio de culpa e solidão. Mas pelo talento gigantesco desse cara que já deu pra gente pérolas como Menina de Ouro, Bird, Mystic River e Imperdoáveis; e que agora nos presenteou com esse diamante.

Que filmaço. Diz ele que é seu último como ator. Eu sobrevivo a isto. Tem uma centena de filmes que eu posso rever que não me deixarão com saudade. Mas esse cara tem que dirigir filmes até morrer. E espero que isto demore muito. Ele é o melhor da atualidade. E um dos melhores de todos os tempos.

3 comentários:

  1. Concordo. Vi Grand Torino na estreia. É dos grandes mesmo.

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  2. num mundo de tanta intolerância, hipocrisias, falta de caráter, assistir a filmes como o do Clint nos alimentam uma esperança de ainda restar dignidade e delicadeza nas relações humanas. O roteiro é verdadeiro e denso, demasiadamente humano. Nada de discursos politicamente corretos. Vida longa para o Clint!

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  3. É ter a certeza que em algum lugar existe dignidade e respeito.

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