Bons samaritanos

Uma das mais arraigadas tradições flamenguistas é dar mole para equipes minúsculas, inexpressivas e inofensivas. Tal e qual um Robin Hood da bola, não podemos ver um time pobrinho que já queremos ajudá-lo. Quando se trata de equipes em crise, então, nossa filantropia atinge níveis insuportáveis. Simplesmente adoramos ressucitar mortos e complicar aquilo que é simples. Já pagamos micos transcedentais contra equipes do naipe de Serrano, São Cristóvão, Santo André, só para ficarmos em times começados por S. Bem, o S da vez foi o rubro-negro genérico usurpador de títulos Sport Clube Recife. Numa pane digna de um Air Bus, o Flamengo tomou quatro gols em dez minutos e jogou fora uma vitória certa - ganhávamos de dois a zero dando olé quando o desastre começou. Bruno saiu todo errado no primeiro gol. Angelim, nosso operário-padrão, errou feio, o que não é de seu feitio, e tomamos mais um. Assim como no empate contra o Avaí, estes também eram pontos que não dava pra jogar fora. Depois não sabem o porquê da fila de dezessete anos. Esse timeco do Sport vai se fartar de perder pontos, inclusive em casa, para times até piores que o Fla. Piores, mas menos bonzinhos. E o Imperador Adriano? Só fez uma jogada boa - o calcanhar no primeiro gol do Emerson. Nem de longe lembrou o baita craque da partida passada. E o Mengão bipolar segue na Grande Procissão ali pela zona intermediária da tabela. Que contra o Coritiba no Maraca o time mostre-se menos piedoso e mais implacável.